quinta-feira, 24 de abril de 2008

Isabela

O que restou de tudo
foi essa sensação
de dever cumprido.
O chão lavado
O prato sobre a mesa
A roupa perfumada...

O que restou de tudo
foi o filho crescido.
Cabeça feita
totalmente diferente da sua.
Melhor?
Só o tempo para dizer...

O que restou de tudo
foi essa profissão aplicada.
Elogiada, determinante,
laureada ou não.

O que de tudo restou
foi essa sensação infinita de poder tudo.
Até ser nada
se assim o quiser...

O que restou de tudo
foi ter feito de tudo
o que se quis
um pouco.
E do pouco que se fez
perfeito...

E acima de tudo
o que restou de tudo
Ainda resta saber...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Love of my life

Love of my life...Isabela ouvia a música do Fred Mercury no rádio do carro, ao se dirigir para o consultório, atrasada como sempre. Atraso dado pelo trânsito,mais uma vez insuportável. Começou a pensar nessa frase que ouvia: amor da minha vida...Quem, hoje em dia,diria com tanta firmeza essas mesmas palavras?Atualmente o possível é dizer amor de hoje, amor do mes, e com muita sorte, amor do último ano.Muitas mulheres convivem com a idéia de que talvez consigam passar mais tempo preparando um casamento, do que curtindo o próprio.Trezentos e sessenta e cinco dias com o "amor da vida " já tem sido um recorde para muitos. O que anda acontecendo com o coração das pessoas?Por que tem sido tão difícil manter um amor?
Será que andamos confundindo a idéia do Amor?

terça-feira, 15 de abril de 2008

mulheres

Estão sempre juntas
e de mãos atadas.

Hora surge a mãe
outra a filha.

A mãe se encanta com a filha,
que se entristece com a avó,
que se espanta com a neta,
que se confunde com a criança.

A mulher já tem saudades ,
da adolescente que não lembra que foi.
A adolescente vibra com a mulher
que ainda não se tornou.


A mãe que nasceu do parto
se iguala à filha
no aprender a viver.
A avó que também nasceu do parto
ensina a viver.

Que mãe seria se tivesse
a adolescência roubada?
Que avó seria se
não guardasse um pouco de neta?

Embora estejam atadas o tempo todo
criança, adolescente, mulher, mãe, avó
Cada uma delas
tem o seu tempo certo
de viver...


Na cabeça de Isabela, às vezes, elas se embaralham de uma forma tão importante, que ela se entrega, sem tentar separar, para não sofrer...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Isabela

Estava cansada . Atendera muitos pacientes no consultório, correra para colocar a casa em ordem; lembrara demais de sua avó, que nos últimos tempos, ocupava porcentagem grande de sua saudade e de suas recordações. Sua filha mais velha tambem escolhera medicina como carreira, mas parecia saber melhor como gerenciar seu tempo. Isabela não; se envolvia muito.

Não conseguia apenas diagnosticar e tratar, queria ir além. Se dispunha a ouvir, aconselhar, criava sempre um vinculo. E com isso sua energia se ia. Chegava exaurida em casa.