sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Aquela bolsa

A bolsa sonhada por qualquer mulher do planeta, sentou-se antes, na poltrona ao lado. Não pôde deixar de olhá-la como outra olharia: com olhos de cobiça.

Começaram a conversar ela e a paciente. A anamnese mostrou o que a visão da bolsa já havia denunciado: hábitos todos de uma classe privilegiada . Clínicas frequentadas, procedimentos efetuados, cirurgias praticadas , tudo fazia parte de um universo para poucos.

Era uma mulher muito bonita, essa paciente. Pele perfeita, unhas perfeitas, cabelos sedosos,reluzindo tratamento. À medida em que falava, parecia tudo girar em torno dela, como se circular pelo mundo, fosse uma coisa muito facil e ensinada desde o berço .

Prosseguiram médica e paciente num conhecimento demorado de interpretaçoes de exames e história. Parecia uma consulta normal, em que ambas terminariam satisfeitas.

Agora, consulta acabada, paciente e bolsa tendo ultrapassado a porta de saída, a médica tem vontade de chorar e esquecer que é médica. Sabe que nesse caso, nada pode fazer.
Do glamour inicial da consulta, ao diagnóstico final dela , se passou um mundo de trevas que a doutora não esperava vivenciar, não para aquela mulher tão cheia de vida.

Não havia mais nada a ser cobiçado...