terça-feira, 18 de março de 2008

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As primeiras páginas são sempre as mais difíceis, já haviam prevenido. Não imaginava, porem, patinar assim sobre as palavras. Caía a todo momento nessa pista de gelo; verdadeiro gelo que a petrificava. Tinha tanto a dizer, formava sentenças inteiras que se transformavam em perspiração, somente. Admirava pessoas que conseguiam se expressar sem restrições; aquelas que falavam em público como se só houvesse amigos entre os ouvintes, sem críticas, sem imposições.

De longe era alguem assim. Não se podia diagnosticar uma fobia social, mas estava bem perto do que sentia ...

sexta-feira, 7 de março de 2008

Rosa

Havia um jardim imenso, na casa encantada dos avós de Isabela, que parecia ser regado realmente com amor. Lá, rosas, margaridas, lírios, hortências e mais hortências se perdiam numa mistura de cores que extasiavam qualquer observador. Era nele que algumas lágrimas eram roladas nos dias mais imprevisíveis.

Rosa sofria calada e de forma imperceptível. Jamais deixava que outros percebessem que as cicatrizes haviam se fechado, mas o agente que as havia causado continuava alí, na superfície.

Para a neta, Isabela, era só sorrisos e satisfação, todo o tempo.Eram maravilhosas as suas aulas de culinária à beira do fogão à lenha.Isabela tinha por volta de oito anos quando começou a cozinhar com a avó.O cheiro delicioso da comida era um incentivo e tanto para aprender cada vez mais sobre essa arte.Que sensação boa era esssa de saber transformar o arroz, o feijão, o fubá em coisas comestíveis e gostosas. Suas amigas nessa mesma idade só sabiam brincar com bonecas. Ela não; já se sentia muito útil...