terça-feira, 2 de dezembro de 2008

cordão umbilical

Minha filha, queria lhe dar um abraço
não um abraço que fosse só meu,
um abraço que fosse seu também.

Como já foi um dia
em que éramos só nós duas
ligadas por um cordão.

Não sei ao certo
o que foi passado
através desse cordão.
Talvez toda minha vida
talvez não.

Quem sabe, tudo aquilo que agora não consigo mais passar,
por um problema meu
por barreira sua.
Não sei ao certo.
Gostaria muito de saber...

Hoje quando a vi deitada
expressão meiga, serena,
profundamente adormecida
reconheci a menininha
que eu sempre amei e
que não sei em que pedaço da vida,
perdi.

Não precisa mais haver expressão tão serena,
nem tão meiga,
mas gostaria que o cordão
continuasse existindo.

Não como um vínculo mortal como foi um dia
mas como um vínculo de amor,
amizade,
querer bem...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

pequenas coisas

Afastou a cortina e
Abriu vagarosamente a janela.
Viu o sol entrar brilhando por ela
E se sentiu feliz.

Desceu pausadamente as escadas
Como se quisesse aprofundar nelas seus passos.
E se alegrou por poder caminhar tão bem.

Aspirou o ar ao entrar na cosinha
E o cheiro gostoso de pão fresco
Fez com que sorrisse.

Afagou um abraço doce
Que veio de encontro ao seu colo
E suspirou, percebendo uma sensação
De bem infinito.

Ouviu o som alegre de um pássaro
No jardim
Deitou na grama molhada ainda de orvalho
Olhou para o sol novamente

E agradeceu à Vida
O dom e o prazer
De ver ,ouvir e sentir
Essas pequenas coisas...


Thelma Prado Moraes

domingo, 16 de novembro de 2008

2009

Abriu-se um buraco no mundo e não se sabe quem terá o dom de cobrí-lo.Haverá alguem tão especial, nos perguntamos sem parar.Em tempos de crise, parece que as pessoas, além de analisarem o meio que as cerca, se analisam também. E infelizmente não tem sido boa essa análise, de uma forma geral.
Nos tornamos seres bem pouco "especiais".Quando analisamos o nosso universo do dia a dia, não nos deparamos com possíveis salvadores, e sim com afundadores do mundo. O que tornou o homem tão egocêntrico, tão destruidor, tão ganancioso, tão incapaz de enxergar o outro e a natureza que o cerca?

preservação

A Vida me deu esse corpo para me expressar.
Devo fazer dele meu templo...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

caminhos

É preciso reconhecer o momento de seguir adiante, ou voltar atrás...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Será?

Será que o seu olhar
ainda me vê?
Será que o que vê o seu olhar
é aquilo que um dia fui?
Ou o que o seu olhar vê
é aquilo que você
imagina que serei?

Não vê o seu olhar
o quanto eu mudei?
O quanto eu mudei porque quís,
o quanto mudei sem querer?

Naquilo que quís
muito pouco mudei.
No que não quís,
ultrapassei sem perdão.
De tudo
o que percebeu o seu olhar?

Não me olhe assim
a me julgar.
Por favor
só veja a mim no seu olhar...

Será?

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

praia

Com você, minha filha,
eu me sinto assim,
numa praia
esperando o que a maré trará.

Quase sempre são restos,
que a maré traz
sem saber de onde
sem saber porque;
apenas produtos de outros mares.

Mas às vezes vem uma surpresa.

E são essas surpresas
que me mantém assim,
presa à praia...

Coisas de mãe
Coisas de mar...

saudades

Toda vez que viajo é a mesma coisa: as saudades chegam antes.
Antes mesmo de arrumar as malas,
antes de regar as plantas,
antes do beijo final.
Eu vou, mas a parte de mim que fica, é sempre a maior.
E o coração se entrega ,assim, nesse aperto de dar dó.
Vou repensar minha vida:
cansei de sentir saudades...

saudades

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Um caminho

Embora morta de sono, não pude deixar de me espantar com a beleza do local do evento. Era num dos hotéis mais luxuosos da cidade, luxo esse que ainda não conhecia. A aula em si foi mediana; nada de novo em termos de conhecimento. Fomos para um intervalo, num salão paralelo.Acredito que seria bom se tocasse um sininho toda vez que aparece em nossa frente, uma pessoa que vai mudar significantemente a nossa vida. Não tocou naquele instante, mas deveria ter tocado.

terça-feira, 8 de julho de 2008

yone

A viagem trancorreu sem novidades. A rodovia nada tinha de especial naquela manhã pós plantão. Da rodoviária peguei o metrô , movimentadíssimo; era sábado e uma energia sem fim estava suspensa no ar.
Cheguei em casa em tempo de encontrar Yone. Era a inquilina do apartamento que ocupávamos numa das ruas mais charmosas que já conheci. O apartamento em si também era muito charmoso; bastante simples mas bem decorado , foi um dos pontos decisivos para a minha escolha em estar alí.
Yone como sempre estava animadíssima, adorava sábados. Quando disse que estava em dúvida sobre ir ou não ao Curso, nem ouviu o terminar de minha frase e já se pôs a separar uma roupa para a minha ida. Praticamente me expulsou do apartamento. Me ví em minutos pegando um taxi para o evento.
Mal sabia eu , e muito menos ela , que estava prestes a modificar o meu caminho...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

libélula

Libertei uma libélula
presa em minha janela
nessa linda manhã.

E o mundo todo
ficou mais feliz
com essa liberdade...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

2008

Não tenho me dado

muito bem com espelhos,

hoje em dia.



O que vejo

tem sido real demais.

Nenhum truque,

nenhuma maquiagem,

nem um resquício de

romantismo.



Vejo um rosto marcado,

embora tenha sido e

ainda seja bela

a vida vivida.



Que bom que as pessoas
não nos vêem como os espelhos...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Cesse tudo que a musa antiga canta, que um valor mais alto se levanta...

Acordei naquele dia me sentindo transformada num horrível inseto ,aos moldes de Kafka.
O plantão havia sido difícil , gente em demasia, patologias complicadas.Num esforço sobrehumano me levantei do colchão duro da clausura, pequeno espaço repleto de beliches, que constituía o descanso para as plantonistas médicas do hospital .Me lembrei que havia lutado bravamente para conseguir esse espaço, na tarde do dia anterior; coincidiu de haver muitas mulheres de plantão para poucas camas a serem ocupadas. Pelas dores que agora sentia no corpo todo, não precisava ter lutado tanto.
Me vesti lentamente, embora desejasse ja estar na rua. Era sábado e a julgar pela luz maravilhosa que atravessava a janela,o dia lá fora estava lindo.Tomei o café da manhã com alguns colegas no refeitório do próprio hospital, que era bem simples, mas que eu amava, sem no entanto me dar conta disso naquela época.
A rodoviária ficava um pouco distante do hospital. Acostumada a andar a pé , fazia o percurso sem perceber que era grande.Já instalada no onibus que me levava para a cidade em que agora estava morando, e na qual completava a especialização na área médica que escolhera para exercer, pensava se iria assistir ou não , a uma palestra programada para a tarde desse mesmo dia.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Isabela

O que restou de tudo
foi essa sensação
de dever cumprido.
O chão lavado
O prato sobre a mesa
A roupa perfumada...

O que restou de tudo
foi o filho crescido.
Cabeça feita
totalmente diferente da sua.
Melhor?
Só o tempo para dizer...

O que restou de tudo
foi essa profissão aplicada.
Elogiada, determinante,
laureada ou não.

O que de tudo restou
foi essa sensação infinita de poder tudo.
Até ser nada
se assim o quiser...

O que restou de tudo
foi ter feito de tudo
o que se quis
um pouco.
E do pouco que se fez
perfeito...

E acima de tudo
o que restou de tudo
Ainda resta saber...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Love of my life

Love of my life...Isabela ouvia a música do Fred Mercury no rádio do carro, ao se dirigir para o consultório, atrasada como sempre. Atraso dado pelo trânsito,mais uma vez insuportável. Começou a pensar nessa frase que ouvia: amor da minha vida...Quem, hoje em dia,diria com tanta firmeza essas mesmas palavras?Atualmente o possível é dizer amor de hoje, amor do mes, e com muita sorte, amor do último ano.Muitas mulheres convivem com a idéia de que talvez consigam passar mais tempo preparando um casamento, do que curtindo o próprio.Trezentos e sessenta e cinco dias com o "amor da vida " já tem sido um recorde para muitos. O que anda acontecendo com o coração das pessoas?Por que tem sido tão difícil manter um amor?
Será que andamos confundindo a idéia do Amor?

terça-feira, 15 de abril de 2008

mulheres

Estão sempre juntas
e de mãos atadas.

Hora surge a mãe
outra a filha.

A mãe se encanta com a filha,
que se entristece com a avó,
que se espanta com a neta,
que se confunde com a criança.

A mulher já tem saudades ,
da adolescente que não lembra que foi.
A adolescente vibra com a mulher
que ainda não se tornou.


A mãe que nasceu do parto
se iguala à filha
no aprender a viver.
A avó que também nasceu do parto
ensina a viver.

Que mãe seria se tivesse
a adolescência roubada?
Que avó seria se
não guardasse um pouco de neta?

Embora estejam atadas o tempo todo
criança, adolescente, mulher, mãe, avó
Cada uma delas
tem o seu tempo certo
de viver...


Na cabeça de Isabela, às vezes, elas se embaralham de uma forma tão importante, que ela se entrega, sem tentar separar, para não sofrer...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Isabela

Estava cansada . Atendera muitos pacientes no consultório, correra para colocar a casa em ordem; lembrara demais de sua avó, que nos últimos tempos, ocupava porcentagem grande de sua saudade e de suas recordações. Sua filha mais velha tambem escolhera medicina como carreira, mas parecia saber melhor como gerenciar seu tempo. Isabela não; se envolvia muito.

Não conseguia apenas diagnosticar e tratar, queria ir além. Se dispunha a ouvir, aconselhar, criava sempre um vinculo. E com isso sua energia se ia. Chegava exaurida em casa.

terça-feira, 18 de março de 2008

Início

As primeiras páginas são sempre as mais difíceis, já haviam prevenido. Não imaginava, porem, patinar assim sobre as palavras. Caía a todo momento nessa pista de gelo; verdadeiro gelo que a petrificava. Tinha tanto a dizer, formava sentenças inteiras que se transformavam em perspiração, somente. Admirava pessoas que conseguiam se expressar sem restrições; aquelas que falavam em público como se só houvesse amigos entre os ouvintes, sem críticas, sem imposições.

De longe era alguem assim. Não se podia diagnosticar uma fobia social, mas estava bem perto do que sentia ...

sexta-feira, 7 de março de 2008

Rosa

Havia um jardim imenso, na casa encantada dos avós de Isabela, que parecia ser regado realmente com amor. Lá, rosas, margaridas, lírios, hortências e mais hortências se perdiam numa mistura de cores que extasiavam qualquer observador. Era nele que algumas lágrimas eram roladas nos dias mais imprevisíveis.

Rosa sofria calada e de forma imperceptível. Jamais deixava que outros percebessem que as cicatrizes haviam se fechado, mas o agente que as havia causado continuava alí, na superfície.

Para a neta, Isabela, era só sorrisos e satisfação, todo o tempo.Eram maravilhosas as suas aulas de culinária à beira do fogão à lenha.Isabela tinha por volta de oito anos quando começou a cozinhar com a avó.O cheiro delicioso da comida era um incentivo e tanto para aprender cada vez mais sobre essa arte.Que sensação boa era esssa de saber transformar o arroz, o feijão, o fubá em coisas comestíveis e gostosas. Suas amigas nessa mesma idade só sabiam brincar com bonecas. Ela não; já se sentia muito útil...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Dando nomes

A Avó de Isabela, tão querida , se chamava Rosa. O avô, grandão de olhos azuis,Otávio.
O menino que estava sentado à mesa naquela manhã tão terrível, Daniel.
A mãe de Isabela, Laís, amava seu nome.A irmã do meio das três meninas do quarto, cabelos mantidos à babosa , Bianca,admirava profundamente a caçula, Alice.
Isabela tinha bastante dificuldade em guardar nomes, coisa que não ocorria com a filha, Thaís.
Como médica, isso se constituía em um predicado para Thaís; para alegria dos pacientes conseguia saber sempre o nome de todos...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

início

Isabela não sabia explicar porque todas essas recordações e imagens se misturavam repentinamente em sua cabeça, justamente nessa tarde, de um verão tão intenso, de um sol tão bonito. Lembranças iguais a essas acontecem geralmente em dias de chuva, em que tudo deseja fugir do cinzento, do depressivo e a memória então sai em busca do que a faça mais feliz.
Amava tanto a avó que talvez quisesse reenxergá-la agora no quintal dos verões passados, lavando dúzias de roupas ou podando hortências. Se soubesse a falta que sentiria desses momentos, teria dado um jeitinho de intensificá-los... Mas quem sabe alguma coisa a respeito do futuro?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

recordações 5

Me lembro muito do quarto dos fundos. O quarto das meninas. Na verdade me lembro do tempo em que elas já estavam mulheres. Minha tia mais moça, a loirinha das três meninas, tinha um cabelo espetacular. Numa época em que shampoo ainda era privilégio de poucos, ela o mantinha brilhantes e cheios de vida só com babosa. Sim, a folha da babosa: saía uma gosma horrível quando se partia a folha e esse milagre era utilizado por todas as moças de cabelos bonitos. O ritual era um creme de gema de ôvo e limão , pausa , lavagem com algum sabonete- provavelmente de côco , gosma de babosa, pausa, lavagem. Por esse caminho minha tia chegava à perfeição.
Minha mãe , das três, seguramente era a mais vaidosa, nessa época. Se lambuzava de cores e cheiros, muitas vezes na semana . Tudo, em termos de tratamento de beleza, girava em volta de ovos. Gemas nos cabelos, claras no rosto, nos cotovelos, no pescoço... ainda bem que na propriedade em que moravam, não faltava matéria prima, isto é , galinhas.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

recordações4

Minha filha saiu apressada para o trabalho,mas como sempre, demorou bastante no ato de sair com o carro em marcha ré.
Se duvidasse da genética, essa seria uma prova decisiva para apagar qualquer dúvida.Também tenho muita incerteza nessa hora; olho inúmeras vezes para trás, como se sempre houvesse alguem escondido.
Discutimos novamente nessa manhã; não são apenas décadas que separam nossas diferenças, são séculos.A vida mudou muito rapidamente para essa geração.Se aprimorou em demasia na ciência e na tecnologia, se acovardou na disciplina, no respeito à família,nos sentimentos em geral.Ganhou muito no racional, perdeu muito no emocional.
Como serão os novos tempos? A vida sem uma preservação da família com o conceito dos velhos tempos?Chega a me deixar bastante confusa essa mistura de filhos de família um, convivendo num mesmo teto com família dois, às vezes já com mais alguém da família três...Difícil é até de se escrever sobre esses ajuntamentos.
Não sei o quanto entra de preconceito nessa minha versão,mas o fato é que muitas vezes surgem grandes conflitos dessa mistura. Enfim, o conceito de família já é por si só conflitante.
Voltando à minha filha, chegar atrasada ao hospital não lhe agrada nem um pouco.Ficou muito da bisavó em seus traços...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

recordações3

Mal fecharam a porta, pai e filho, já estava minha avó a acordar as meninas para o segundo turno do café.
Enquanto as três comiam, camas eram arrumadas, banheiros limpos, roupas dobradas.
Havia uma felicidade que eu diria infinita, nesses pequenos gestos de trabalho doméstico.
Ela amava tudo, embora sem declarações. Essa é uma característica que eu descobri mais tarde, ser herdada.Os imigrantes italianos daquela época eram bem assim: muito trabalho, pouca conversa.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

recordações2

Apesar de muito ousada e ativa, minha mãe sempre teve muito medo.
Entendi o porque, depois que me contaram sobre o desenrolar daquela manhã.
Ela era a mais velha daquelas três meninas que dormiam no quarto dos fundos.Cabelos loiros, olhos verdes e expressivos, sonhava certamente com um dia lindo pela frente.Infelizmente, não foi o que aconteceu.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

recordações

Parecia um dia como outro qualquer... Da porta de entrada se sentia o perfume do café que só ela sabia fazer tão bem.Suave perfume da minha infância, que só agora percebo, tão querida. A ele se juntava o cheiro do pão levemente tostado, do leite recem fervido.
Na mesa, tão grande na minha lembrança,pequena para quem a observa com olhos adultos, estava sentado o meu avô.
Senhor na idade, senhor absoluto na atitude.Seus olhos azuis pareciam existir só para suavizar todos os outros traços do rosto que embora bonito,se impunha demais em qualquer situação.
Comia calado. Tambem calado estava a seu lado, uma miniatura sua, fiel demais para ser de verdade.Herdara tudo do pai: os mesmos olhos, a mesma beleza, e a suavidade cujo único traço estava no azul.
Minha avó talvez não percebesse que eram os dois tão calados; se sabia, disfarçava muito bem a gorduchinha.Tamanha era sua vivacidade e sua energia que preenchia todos os espaços vazios dos caladões.
Ela estava presente ao mesmo tempo em todos os ambientes daquela casa. Não fosse o seu corpo, estava o seu aroma, o seu gosto, a sua escolha. Misturava sua atitude aos tachos de cobre espalhados pela casa afora.Ela brilhava junto com o cobre que era esfregado semanalmente com limão e sal.
As tres outras filhas do casal dormiam no quarto nos fundos da casa.Eram pequenas demais para estarem presentes àquela mesa, naquela manhã.
Ao teminarem o café, pai e filho, calados , saíram para o trabalho.
Minha avó também apenas começava o seu, interminável. Não me lembro de vê-la muitas vezes em minha vida, sem estar trabalhando em alguma coisa. A propriedade era grande e ela não tinha grande ajuda.
Meu avô, além de muitas plantações, tinha uma olaria.