sexta-feira, 6 de junho de 2008

2008

Não tenho me dado

muito bem com espelhos,

hoje em dia.



O que vejo

tem sido real demais.

Nenhum truque,

nenhuma maquiagem,

nem um resquício de

romantismo.



Vejo um rosto marcado,

embora tenha sido e

ainda seja bela

a vida vivida.



Que bom que as pessoas
não nos vêem como os espelhos...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Cesse tudo que a musa antiga canta, que um valor mais alto se levanta...

Acordei naquele dia me sentindo transformada num horrível inseto ,aos moldes de Kafka.
O plantão havia sido difícil , gente em demasia, patologias complicadas.Num esforço sobrehumano me levantei do colchão duro da clausura, pequeno espaço repleto de beliches, que constituía o descanso para as plantonistas médicas do hospital .Me lembrei que havia lutado bravamente para conseguir esse espaço, na tarde do dia anterior; coincidiu de haver muitas mulheres de plantão para poucas camas a serem ocupadas. Pelas dores que agora sentia no corpo todo, não precisava ter lutado tanto.
Me vesti lentamente, embora desejasse ja estar na rua. Era sábado e a julgar pela luz maravilhosa que atravessava a janela,o dia lá fora estava lindo.Tomei o café da manhã com alguns colegas no refeitório do próprio hospital, que era bem simples, mas que eu amava, sem no entanto me dar conta disso naquela época.
A rodoviária ficava um pouco distante do hospital. Acostumada a andar a pé , fazia o percurso sem perceber que era grande.Já instalada no onibus que me levava para a cidade em que agora estava morando, e na qual completava a especialização na área médica que escolhera para exercer, pensava se iria assistir ou não , a uma palestra programada para a tarde desse mesmo dia.